domingo, 13 de novembro de 2011

REFLEXÃO

Óh bendito o que semeia livros
Livros à mão cheia - e faz o povo pensar.
O livro caindo n'alma
É germe que faz a palma
é chuva que faz o mar!

Palavras tão sábias deixadas pelo poeta abolicionista Castro Alves em sua breve passagem pela vida, cuja visão retrata com profundidade e sabedoria a magnitude da essência humana exercida sobre nós, pela literatura. Não são poucos os momentos que nos deparamos sendo dominados pela ânsia de saciar nosso espírito com alimentos que contém substâncias (como diria minha mãe: sustânça!) necessárias ao bom desenvolvimento do intelecto e que proporcionam um prazer infindável.
Somos nós tomados por um êxtase quando revisitamos um livro visto na infância, outro que remeta a uma paixão, a adolescência (lembram-se da Coleção Vagalume? Li vários!). Há aqueles que, devido à edições revistas mudam de capa, textura, espessura do papel - por vezes invocamos que aquela não é a versão original, nos intrigam. Essa relação de amor, paixão, domínio sobre o que se pode e deve-se ler agrega valor sentimental à ação, preenchendo um espaço reservado láááááá no coração, em que inconcientemente, na briga entre mente e coração, atendem à demandas latentes de saciedade sobre algo que necessita ser resolvido. Neste viés, lembro da psicanálise sobre os contos de fadas e da necessidade em se contar fielmente versões originais deste gênero literário e suas implicações sobre o inconsciente, mas isso fica para outro momento.
Enfim, com vistas a despertar e proporcionar momentos de intenso estímulo sobre o binômio educação e cultura, a educação de Caraguatatuba em parceria com a Fundação Cultural mobilizou-se com ações literárias simultâneas ocorridas nas unidades escolares e Teatro Mário Covas que mais uma vez, fez de mim uma pessoa completamente envolvida e apaixonada pela minha profissão.
PARABÉNS À TODOS OS PROFESSORES, EQUIPES GESTORAS, FUNCIONÁRIOS, SECRETARIAS DE EDUCAÇÃO E CULTURA, SOCIEDADE EM GERAL E EM ESPECIAL, À CRIANÇA, POR QUEM LUTAMOS E ENTREGAMOS ATÉ A ÚLTIMA GOTA DE NOSSO SUOR, POR UMA FELICIDADE SEM FIM!
 

Como posso provar que eu sou eu?

Precisei sacar um dindin no banco e por ultrapassar o valor no caixa eletrônico, enfrentei fila e, chegando a minha vez de ser atendida, recebi a notícia de que não poderia sacar porque minha assinatura não correspondia à assinatura registrada no momento da abertura da conta, há anos atrás. Fui encaminhada à agência matriz e a contragosto assim o fiz. Não é que nesta agência a assinatura também apresentou o mesmo problema mesmo verificando o CPF, o RG, conferindo minha face com a foto deste documento o caixa ainda não acreditou, é mole? Então, fiz uma pergunta que me intrigou: COMO POSSO PROVAR QUE EU SOU EU? Se os profissionais quisessem continuar com a insistência em não me permitir resgatar meu próprio suor, como poderia provar minha identidade já que documentos não foram suficientes para fazê-lo? Como poderia retirar uma máscara sem ao menos tê-la? Desesperadamente procurei uma solução: um DNA talvez? Alguém que me conheça e comprove minha identidade? Chamo a polícia? Quem poderá me defender? Chapolin Colorado? O caso foi parar na gerência que, sem mesmo deslocar-se do seu local ou levantar seu olhar para passar um raio X sobre a minha pessoa, autorizou a transação.

Já na pós graduação, como há filósofos entre nós, houve uma breve discussão sobre e o consenso foi o seguinte: Quem atribui à mim minha própria identidade é o outro. Ele sim pode afirmar se outro ser está ou não se passando por mim. Percebo que após passar pela fase de anomia, em que, mesmo vivendo num mundo repleto de regras, a criança não tem consciência da própria ação, pois o mundo gira em torno dela mesma, o caminho para a heteronomia, fase em que reconhece as regras, sabe como deve ou não se comportar, inicia sua independência e atinge a autonomia, apropriando-se dela gradativamente.

Aprender a Ser



A detecção de movimentos desarticulados na ação pedagógica inerentes à rotina escolar leva o educador atento, junto à equipe gestora, a buscar soluções que foram mapeadas como necessárias à reformulação. Um ponto nevrálgico na maioria das unidades escolares que atendem uma demanda considerável de alunos da rede pública é o horário do recreio. Quem nunca teve problemas em articular horários, utilização dos espaços, adequação à quantidade de salas e integração de faixas etárias? O momento do recreio contempla na maioria das vezes, o momento da alimentação e da recreação, orientada ou não. Em nossa unidade não foi diferente, embora a quantidade de alunos por turma não fosse elevada, como em tantas outras. Percebemos que durante este momento as crianças ficavam agitadas, comiam às pressas e saíam correndo para o "abraço". O inspetor ficava um tanto quanto frustrado com tantas crianças e suas necessidades em extravasar sua energia acumulada em sala de aula, especialmente diante daquele professor que resistia em dinamizar sua aula, aspecto que também não passava em branco por mim, enquanto coordenadora. O fato é que tal situação já havia sido debatida em HTPC, abordada por mim e pela diretora e era uma situação que incomodava à todos. Mobilização: Como fazer para melhorar a recreação sem comprometer o momento que deve ser tranquilo para alimentação, evitando o desperdício, desenvolvendo atitudes apropriadas à mesa, bem como receber o acompanhamento do educador, com olhos atentos à sua turma, atuando diretamente sobre a necessidade momentânea? Como proporcionar à criança um momento de desgaste de energia sem, contudo, deixar de oferecer qualidade de atendimento à infância, já que o brincar é a essência infantil? Enfim, chegou a hora de ajustar-se os ponteiros: tivemos que desestruturar o encontro de professores durante este horário. Obviamente tal ação provocou um certo desconforto, não só em mim, como também nos professores. O horário de recreio é aquele em que, como professores, falamos de nossas ações, dos alunos, dos filhos, da coordenadora e diretora - não é gostoso? O fato é que eu tinha um lema em nossa escola: FAZER A CRIANÇA FELIZ!, e, neste caso, precisava assegurá-lo. Fazer a criança feliz implica instituir algumas regras para melhorar o atendimento, reorganizar espaços e horários, remanejar funcionários de acordo com o perfil, polemizar a zona de conforto, que neste caso, era fragmentar o horário de recreio, para que o professor acompanhasse sua turma durante a alimentação, orientando-a, garantindo a tranquilidade para tal momento. Houve uma adequação sugerida por uma professora: que se trocasse o uso da colher por garfo e faca, o que foi aceito de imediato. Após o término da alimentação, a professora descansaria por quinze minutos, momento em que o inspetor faria atividade dirigida com as crianças. Pronto! Estava reorganizado nosso recreio, o que foi uma conquista para todos: o desperdício desapareceu, as crianças tiveram momento de escuta de maneira mais intensa dada a quantidade menor de crianças, as atividades recreativas foram prazerosas, solidificando o desenvolvimento autônomo, motor, linguístico, nutricional, estreitando relações entre as crianças e adultos.


Nossa tarefa é mudar os nossos pensamentos limitadores para poder elaborar novos e melhores planos que nos permitam ver a vida em sua dimensão real.

Alfredo Diez

Nenhum comentário:

Postar um comentário