sábado, 6 de julho de 2013

POEMA DA PEDRA BRUTA

POEMA DA PEDRA BRUTA POEMA DA PEDRA BRUTA Eu pedra bruta do tempo que me passou esquecido no inventário do momento de viver de eu ter morrido percorro o longo decurso de todo o tempo perdido. Eu profetas de gomorras ruir de torres tombadas sodomas de meus sentidos de extintas almas salgadas artesão de antigos sonhos de mãos rudes algemadas. Eu perdido se me encontro sensível ao que não sente descaminho de um futuro de algum passado presente vou pedra fingindo a carne e sangue fingindo a gente. Eu castelos de crepúsculos naus sombrias sobre vagas eu mortalha dos moluscos de esperanças naufragadas faz-se em mar a minha vida das marés que são choradas. Eu templo de deuses mortos becos tortos sem calçadas vendo o mundo das janelas que o amor deixou fechadas sou um elo entre essas vidas que se atraem separadas. Hoje sou pastor de rios sentinela das colinas mirante das fortalezas nas ameias das neblinas... É por mim que à noite os ventos vêm chorar sobre as ruínas. Afonso Estebanez

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