terça-feira, 6 de agosto de 2013

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO COM OS DESCRITORES

Depois de uma longa viagem, crianças refugiadas têm que aprender uma outra língua e conquistar novos amigos PAULA LAGO DA REPORTAGEM LOCAL Quando você ouve falar na Guerra do Iraque, já deve ter se perguntado: e o que acontece com as crianças? Em situações de conflito, seja com um outro país, seja entre os próprios moradores ou contra o governo, por exemplo, a vida de muitas crianças fica em risco. Aí a solução é uma só: sair dali o mais rápido possível. Só que essa viagem não é como sair de férias. É definitiva, e depende que outro país aceite receber essas famílias - os refugiados. Para conseguir refúgio (proteção), eles têm de provar, com suas histórias, que foram forçados a deixar seu país porque se sentiam ameaçados. E precisam contar, também, os motivos: é por causa da religião? Por que pensam de forma diferente de políticos? Por que seu país está em guerra? Hoje, o Brasil recebe muitas pessoas nessas condições, de 69 nacionalidades. Elas vinham mais de países da África, mas neste ano o Conare (Comitê Nacional para os Refugiados) percebeu uma mudança: muitos pedidos vêm de vizinhos como Colômbia, Peru e Cuba. A Elizabeth, 5, nasceu em Cali, na Colômbia, e teve de fugir com seu pai para o Brasil. Ela trouxe brinquedos, roupas, mas duas coisas bem importantes ficaram: a mãe e a irmã mais velha. "O Brasil é caro", explica a garota, que também acha nosso país "grande demais, a viagem foi loooonga". Eles vieram de ônibus, em janeiro, e foram atendidos em São Paulo pelo Centro de Refugiados da Cáritas, que faz parte do Conare. Seu pai não tem emprego, mas dizem que a vida melhorou. Moram em albergue, e a menina já quase não chora na aula de português. "Eu chorava muito, queria brincar com minha irmã", diz Elizabeth, que espera a vinda da mãe e, então, vai "mostrar a cidade para ela". O que aconteceu na Colômbia Há ondas de violência há mais de 40 anos envolvendo guerrilheiros (grupos armados ilegais que praticam seqüestros e tráfico de drogas), paramilitares (grupos criados para combater a guerrilha, que também seqüestram e traficam drogas) e forças do governo. Nor, 10, Tabarak, 8, e Hussein, 5, nasceram em Bagdá, no Iraque, e perderam a mãe na guerra no fim do ano passado. O pai das crianças, então, veio para São Paulo. Eles não tiveram muito tempo para preparar a viagem, pegaram apenas algumas peças de roupa. Os brinquedos não puderam vir. E Hussein ainda chora por ter deixado sua bicicleta. Para Tabarak, o pior foi ter ficado sem as bonecas. Eles chegaram em maio e ainda não sabem português, mas já estão na escola. Nor diz que eles estão gostando do Brasil, estão mais felizes porque podem brincar e não precisam ficar fechados dentro de casa. E a melhor hora é a do almoço: eles aprenderam a comer feijão, e adoraram! Hussein lembra que também gosta muito de batata e de chocolate - e, para não deixar dúvidas, fala em português mesmo, porque isso o menino já aprendeu. O que aconteceu no Iraque Depois do ataque de 11 de setembro, em 2001, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, inicia uma guerra ao terrorismo, e o Iraque é um dos alvos. Segundo os EUA, o Iraque poderia entregar armas de destruição em massa para terroristas. Com a ajuda da Inglaterra e da Espanha, os EUA atacam o Iraque. Eles derrubam o governo de Saddam e começam a enviar tropas militares para a reconstrução do país. Até hoje, há conflitos entre o povo iraquiano e as tropas. Para Larissa Kouadio, 12, a escola é a principal diferença entre a Costa do Marfim, na África, onde ela nasceu, e o Brasil, onde mora agora: "Lá há muitas regras, aqui não respeitam o professor", compara. Ela fugiu da guerra com a mãe no ano passado, e sua irmã mais velha teve de ficar. O pai já estava no Brasil. Ela se lembra do dia em que ela e seus amigos ficaram presos nas salas de aula por causa da guerra. "Foi horrível. Todo mundo gritava." Quando seus pais resolveram vir para o Brasil, ela ficou preocupada, porque ouvia falar da violência daqui. "Era preconceito. Tem lugares bonitos. Mas as pessoas daqui também precisam de informação sobre a África. Meus colegas acham que lá só tem miséria!" Ela prefere o Brasil, "porque não tem guerra", mas a vida por aqui não está sendo fácil: "Ainda não sei o que é ganhar presente, mas sei que as coisas vão melhorar, e eu vou ajudar meus pais", promete, num português quase sem sotaque. O que aconteceu na Costa do Marfim Em 2002, começou uma guerra civil (conflito entre grupos do mesmo povo), depois que rebeldes tentaram derrubar o governo com um golpe. Muitas pessoas morreram, e o país passa por um momento de transição de poder. "Lembro que tudo desabava." É a recordação que Marian Toteshashvili, 10, tem da Geórgia, país do Cáucaso onde nasceu. Ela diz que se lembra da casa e tem saudade dos amigos, mas está bem adaptada. "Ninguém da minha família falava português, minha mãe ficou desorientada, mas conseguimos fazer amizade, e eles nos ajudaram", conta a garota, que mora no Rio desde 2000. A língua foi um problema, mas não para ela: "Não foi muito difícil. Meus pais sofreram mais". Ela diz que sabe que aqui é melhor para ela. "Se eu continuasse lá, não teria futuro. Aqui dá para fazer planos, só quero voltar lá para visitar". Do que ela mais gosta no Brasil? "De passear na Lagoa [Rodrigo de Freitas]" e de ir ao shopping. Mas não gosto de comida brasileira", lembra rapidinho. O que aconteceu na Geórgia Entre 1995 e 2000 ocorreram inúmeros conflitos com as repúblicas da Ossétia do Sul e da Abkházia, que queriam se separar da Geórgia e depois se tornaram subdivisões daquele país. Disponível em Acesso em 01/04/2009 QUESTÃO 1 (Descritor: analisar afirmativas a partir das informações implícitas e explícitas do texto.) Assunto: Interpretação Marque as alternativas verdadeiras sobre as crianças refugiadas, de acordo com a reportagem: a) Todo país é obrigado a receber os refugiados de guerra. b) O Brasil recebe muitos refugiados de países variados. c) Em situações de conflito, apenas as crianças ficam protegidas. d) A maioria dos refugiados que o Brasil recebe vem da Europa. QUESTÃO 2 (Descritor: localizar informações explícitas do texto e fazer inferências a partir delas.) Assunto: Interpretação As crianças que saem de um país em guerra fazem uma viagem. Cite duas diferenças entre essa viagem e uma viagem de férias. QUESTÃO 3 (Descritor: localizar informações explícitas do texto.) Assunto: Interpretação As crianças refugiadas que se mudaram para o Brasil enfrentaram dificuldades. Cite uma dificuldade enfrentada por cada uma das crianças. a) Elizabeth b) Tabarak, Nor e Hussein c) Larissa d) Marian QUESTÃO 4 (Descritor: opinar sobre um tema abordado no texto.) Assunto: Interpretação Ao ler sobre a vida das crianças refugiadas mostradas nessa reportagem, que fato lhe pareceu mais difícil? Explique. QUESTÃO 5 (Descritor: analisar afirmativas a partir das informações implícitas e explícitas do texto.) Assunto: Interpretação Marque a alternativa que mostra um aspecto positivo do Brasil que foi apontado por Larissa que veio da Costa do Marfim, na África: a) A comida brasileira é ótima. b) As escolas do Brasil são bem melhores do que as escolas de seu país. c) Há lugares bonitos para conhecer. d) Os brasileiros conhecem muito bem a África e isso ajudou na sua adaptação. QUESTÃO 6 (Descritor: relacionar informações explícitas e implícitas do texto com outros textos.) Assunto: Interpretação Leia novamente alguns direitos das crianças. 1. Toda criança tem direito a um nome e a uma nacionalidade. 2. Toda criança deve ser protegida contra a exploração no trabalho. 3. Toda criança tem direito a uma moradia digna e a brincar em lugares seguros. 4. Toda criança tem direito a frequentar uma escola e ser protegida. Quando uma criança vive em um país em guerra, que direitos deixam de ser cumpridos? Explique. QUESTÃO 7 (Descritor: identificar e produzir afirmativas em diferentes tempos verbais.) Assunto: Gramática Leia as frases: 1 - As pessoas daqui também precisam de informação sobre a África. 2 - Eles não tiveram muito tempo para preparar a viagem. a) Em que tempo verbal cada uma delas está? b) Passe as frases para outros dois tempos verbais.

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