domingo, 25 de setembro de 2011

mensagem de refelexão sobre ambiente

Ambiente
Vem do latim ambire: andar à volta de, cercar, rodear. Depende daquilo que as pessoas fizerem das circunstâncias. Como adiante se verá…




No Dia da Árvore
Na porta do banheiro de uma famosa confeitaria, estava pendurado um dístico: “Por favor, não urine no chão, nem no cesto dos papéis”.
O inusitado apelo avivou memórias, devolveu-me a indelével imagem do Cassiano, cábula e decano dos alunos, urinando contra as paredes dos sanitários da sua escola, incitado pela algazarra de outras boçais criaturas. Decorridos quase cinquenta anos, as suas estridentes gargalhadas ainda ecoam, violentas, nos meus ouvidos.
Entrei numa faculdade.
No hall de entrada, estava afixado um imponente cartaz: “Salvemos a Amazónia”.
Em letras mais pequenas, apelava-se a uma intervenção cívica que pudesse atenuar a sanha destrutiva dos que dizimavam a floresta.
Em letras ainda mais pequenas, uma nota: “ao poupares papel, estarás a ajudar-nos nesta campanha”.
Segui pelos corredores da faculdade.
Estavam repletos de expositores.
Cartazes caíram ao chão e eram pisados por quem passava.
Desemboquei no bar.
Algazarra, lixo, café, refrigerante e outros líquidos não identificados escorriam do balcão para o chão…
Na sala dos professores, observei um cesto atafulhado de papel.
As folhas estavam impressas apenas de um lado.
Metade das folhas estava em branco, mas estavam amarrotadas, sujas, inutilizadas.


Evoquei uma escola que eu bem conheci, onde os alunos aproveitavam o papel até ao último milímetro e colocavam na caixa das folhas de rascunho aquelas folhas que só tinham sido utilizadas de um lado.
Recordei o gesto de um pai que, certo dia, foi oferecer a essa escola duas resmas de papel, porque “tinha visto o filho a fazer os deveres num papel usado e pensava que a escola estava a passar por dificuldades”.
Quando lhe foi explicado, esse pai entendeu que a prática de reutilizar papel não se ficava a dever a dificuldades…
Ficou sabendo que o seu filho tinha adquirido competências de educação ambiental.
Competência é saber em ação e o filho tinha transformado comportamentos em atitude.
Nas minhas deambulações pelas escolas, escuto desabafos de professores que, sem descurarem o bom desempenho dos seus alunos no domínio cognitivo, também se preocupam com o atitudinal:
Diga lá se nós não devemos estar desanimadas!
As nossas crianças descobriram ninhos de morcegos nas entranhas de uma velha árvore por detrás da escola.
Com elas, fizemos um projeto, para conhecer a vida dos morcegos e cuidar da árvore que era a sua casa.
Chegou o “dia da árvore” e nós lá fomos com os alunos para uma tarde de observação.
Quando chegamos ao lugar onde deveria estar a árvore só vimos restos de ramos cortados e raízes arrancadas.
Diga lá se nós não devemos estar desanimadas!
O que aconteceu? – perguntei.
A diretora, quando soube da descoberta dos alunos, pensou que “as crianças poderiam tentar subir à árvore e cair”.
Na manhã do” dia da árvore”, mandou cortar a árvore, que era a casa dos morcegos.
E, enquanto isso acontecia, em todas as salas de aula, em cartilhas iguais para todos e todas abertas na mesma página, todos os alunos pintavam árvores de papel.
Árvores todas iguais...
Quem faria uma caminhada de cinco kilometros com um galão de 20 litros de água atrelado as costas.
Não tem sentido, seria loucura, bastaria um cantil com 500 ml. 
Para que utilizar um volume tão grande de água se no caminho apenas uma fração disso basta? 


Pois bem... 
Já na Educação, cada professor deveria imaginar que seus alunos precisam  “carregar” todos os conteúdos que passou e “exige” na prova. 
 Fica a pergunta: Para que? 
Volume de conhecimentos que só farão sentido e se fizerem sentido 20 anos depois de aprendido. 
 A mente, não carrega conteúdos que não façam parte do dia a dia, do momento do uso, o que não lhe serve, ela poe no esquecimento. 


 Que digam os que foram muito bons em física: Quais as cores do arco Iris? 


Os nota dez de química, qual a massa atômica do zinco? 


Os excelentes em matemática, onde você aplicou na sua vida, que não fosse ensinando a formula de Bhaskara? 
Você tem usado muito a equação de segundo grau na sua vida? 
Eu nos meus cinqüenta anos usei sim, no vestibular. 


Então... Faz sentido para a VIDA de nosso aluno aquilo que ensinamos, ou estamos apenas enchendo o galão de água para ele carregar?

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